quinta-feira, 1 de março de 2012

Ideias e Factos

Quando se fala em "aclarar as ideias", não se está a dizer tudo e sequer a falar do essencial. Na verdade, o que é mesmo fundamental é aprofundar os nossos conhecimentos em todas as "direcções" e só então tem lugar o esclarecimento das ideias, à luz dos novos factos. Este esclarecimento é sempre uma confrontação das novas ideias com as anteriores.
Na prática, significa que nós não andamos à procura de ideias novas mas de factos novos. Isto também quer dizer que o nosso conhecimento da realidade só avança, efectivamente, quando descobrimos novos factos. As ideias serão sempre, e sempre foram, interpretação dos factos. O processo nunca é o inverso. Ou seja, a ciência precede a filosofia. Podemos dizer que o primeiro momento da filosofia é a experiência dos sentidos, porque esta experiência nos proporciona a primeira informação.
Quando a filosofia quebra esta sequência do processo cognitivo humano, inventa uma transcendência, digamos, extra-sensorial e, por isso mesmo, extra-cientifica. Os "espiritualistas" dizem que é válido este salto no conhecimento humano e os seus contestatários recusam, liminarmente, dar-lhes razão.
Aqui chegados, está na hora de aclarar as ideias.
No meu entender, esta discussão (aclarar as ideias) faz-se à margem dos factos ou, simplesmente, a partir dos factos conhecidos (ninguém nega a gravitação dos astros e planetas) acerca do enigma persistente e inabarcável da REALIDADE.
Uma nova descoberta científica irá determinar uma nova interpretação da REALIDADE. Apenas "uma nova" interpretação e não a INTERPRETAçÃO.