sábado, 25 de setembro de 2010

A Realidade Das Fantasias

Foram colocados vídeos no YOUTUBE com as entrtevistas ao professor e filósofo Agostinho da Silva (quem não se lembra deste velhinho de barba grisalha, mal vestido, desdentado e que viveu grande parte da sua vida no Brasil, onde era mais conhecido que em Portugal...). Quando perguntado, numa dessas entrevistas, como é que nós poderíamos falar em liberdade do homem se a ciência genética demonstra que nascemos tremendamente condicionados, respondeu mais ou menos assim: o nosso destino não é traçado no momento em que nascemos nem a nossa liberdade deve ser referida a esse tão próximo acontecimento; teremos de pensar o nosso destino e a nossa liberdade, lá bem no ponto onde tudo começou; e aí, à distancia do infinito, destino e liberdade se confundem...
O que ele quis dizer é que nós somos bem mais do que aquilo que conseguimos saber sobre nós próprios. Muito mais. Infinitamente mais.
Àquilo que chamamos «liberdade e destino» ele considera que são «fantasias nossas», empurrando-as para o mundo dos contrafactuais.
Pode ser. Mas a verdade é que vamos construindo uma vida e um «mundo-nosso» com essas fantasias de liberdade e destino. Até estabelecemos uma norma, mais que todas livre e cada vez mais o nosso fado: é proibido proibir. Não é proibido sonhar que havemos de colocar um pé nas estrelas, ainda que sejam apenas os átomos desse pé. E a verdade é que ao iniciar tal viagem sentimos que é como que um regresso a casa. Só não entendo, e isso me intriga mais que tudo, como é que iniciamos essa viagem inconscientes e agora queremos regressar de olhos bem abertos, em pensamento consciente.
Como se não bastasse o primordial enigma de ser, ainda surge este de saber porque somos como somos- conscientes.
Como dizia, ontem, o Luís na caixa dos comentários aí para trás, talvez António Damásio ajude alguma coisa com a sua obra mais recente «O Livro Da Consciência».

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Poema de Manuel Leão (2010)

Enviado pelo meu amigo e antigo condiscipulo A.Sampaio

Centenário da República

A Revolta Francesa bem ensina
Igualdade fraterna e Liberdade;
duzentos e vinte e um anos de idade
não chegam p’ra cumprir o que se assina.

Mas Maria minhota, Fonte dita,
nessa então conturbada sociedade,
aos Cabrais lhes impõe mais Igualdade
e estes, por incapazes, se demitem.

As Repúblicas são a panaceia
e, em cada centenário, desenganos
inda em curso na Europa financeira,

porque nos é vedado fazer planos
nesta democracia interesseira,
onde a Fé e os Valores são enganos.