quarta-feira, 30 de março de 2011

A Polis do Conhecimento (3)

Não me contaram, eu ouvi, na sua tomada de posse, o Presidente Cavaco Silva afirmar, depois de elencar os fracassos da governação, que 2000 a 2010 foi uma "década perdida". Pelos vistos, tudo foi trabalho perdido.
Acontece que há uns meses atrás ouvi e li testemunhos de académicos ligados à investigação cientifica, onde estes, entusiasmados com os novos rumos da investigação científica em Portugal, precisamente nos útimos anos, encaravam o futuro com muita esperança, no que diz respeito a este domínio.
Qualquer pessoa que se ineteressa pelo sucesso da Polis sabe que o avanço científico significa prosperidade, numa sociedade cujo sustentação depende cada vez mais do conhecimento e da inovação.
Ouvir o Primeiro Magistrado da Nação, em sessão solene, ignorar a que talvez tenha sido a maior e melhor obra das últimas décadas e falar naqueles termos, numa altura em que os mercados têm os olhos cravados nas nossas capacidades realizadoras, revela até que ponto o obscurantismo da verdade politica se entranhou na mente da classe politica e dirigente, ao mais alto nivel. (?!)
Ninguém, de entre a chamada intelectualidade portuguesa, teve coragem de dar um murro na mesa e dizer "basta!"
Não é de admirar que as empresas de "rating" nos atirem para o caixote do lixo, quando o Presidente reeleito, ainda por cima economista, é o primeiro a fazê-lo.
Que mal fizemos a Deus, para merecer isto?

terça-feira, 29 de março de 2011

Tudo Na Mente, Até A Pila

Há dias reencaminharam-me um clip que representava uma cabeça de homem e os respectivos apêndices sexuais em bailado exibicionista dentro do cérebro, postos a descoberto numa ressonancia magnética. A mensagem era de leitura fácil, mesmo para quem desconhecesse a acusação provocadora de que o homem pensa com a pila. Quem mo enviou foi uma senhora amiga e eu comentei-o assim:


Apetecia-me dar um titulo a este meu comentário, qualquer coisa como "o mito e a realidade".
Essa história de termos o pénis na cabeça é mais realidade que mito. Penso que virou mito por ser, ao mesmo tempo, tão real e tão intrigante.
Qualquer rapazinho normal, por exemplo, aqui o Mário de outras idades, ainda menino descobre uma pilinha que parece ter vida própria, que ele controla tão pouco quanto a vontade de fazer chichi. Também cedo se apercebe das sensações agradáveis que acompanham as persistentes erecções. Se não houver por perto uma adulto ignorante e castrador, o menino acabará por ter uma relação cada vez mais interessante com a sua pilinha buliçosa e prazerosa. Ao atingir a puberdade, a transformação é explosiva em todos os sentidos. E, de novo, se não houver por perto um adulto "maldoso" ou simplesmente ignorante, o rapazinho testemunha uma nova vitalidade da sua tão "independente" pilinha. Não só se estica como nunca, como convida, teimosa e persistentemente, à sua manipulação, até ao clímax do orgasmo ejaculatório. E pouco adiantará "esquecer porque é feio". Reprimir, no estado de vigilia, a vontade indómita da pilinha, vai proporcionar o espectáculo de uma finta magistral, (se quiserem, de uma rasteira à má fila) quando o rapazinho dorme a sono solto! Isso mesmo! É quando acontecem os "sonhos molhados" , que os técnicos designam por "poluções nocturnas" e que não são outra coisa que uma inesperada ejaculação , com a endiabrada pilinha a não aceitar o jugo de uma abstinência forçada e a impor a sua autonomia.
Diga-me lá, Maria Emilia, como é que nós, os homens saudáveis, podemos furtar-nos à presença impositiva e persistente da nossa pilinha na mente!
Vemo-la, sentimo-la e queremo-la, não podemos, nunca, ignorá-la. Ficaria muito preocupado se a ressonância magnética não acusasse a sua presença, relevante, no meu cérebro.
Eu gosto muito da minha pila.
Felizmente, a minha mulher também.

Hoje, aqui no blog, posso acrecentar, em fidelidade à ciência de Damásio: de facto, a pila está mesmo presente no cérebro do homem e se caparem um infeliz portador da mesma, lá continuará para todo o sempre, apenas com uma nota angustiada em rodapé: cortada!

O Mito do Poder da Mente

Muito se tem escrito sobre este tema nas últimas décadas! E a saga continua. É mais um mito para a ciência desconstruir. E está a fazê-lo, pedra a pedra, sem qualquer intenção expressa, até porque os homens que se debruçam com paixão e carinho sobre os segredos da vida e do universo não têm tempo para perder com as especulações da pseudociência.
Os autores que em volumosos escritos pseudocientíficos endeusaram a mente e os poderes da mente, chegaram ao cúmulo do disparate, com afirmações do género "não é o cérebro que cria a mente, mas a mente que cria o cérebro". Isto é bem mais do que pôr o carro à frente dos bois.
A biologia, a genética e a neurociência vieram colocar as coisas no seu devido lugar.
A genética descobriu um livro escrito no ADN de cada ser vivo que não fala de uma "alma separada", de um "espírito autónomo da matéria" , nem de uma mente sem as raízes mergulhadas na "carne" e da qual recebe todo o seu brilhantismo, numa dependência absoluta para existir e exercer a sua actividade.
A ideia milenar de uma "alma separada" , onde vão beber os criadores do mito do poder da mente, tem impedido pensadores que se julgam muito "actualizados" de constatar o que é óbvio: a simples obstrução das artérias que levam o precioso gás -o oxigénio- ao cérebro, é suficiente para reduzir a cinzas, em alguns minutos, a mente mais lúcida e brilhante.
Os seguidores do mito não querem ver que a estruturação do ADN precede a vida, o cérebro e a mente e que este facto se repete na formação de cada novo ser vivo. E a ciência já pode acompanhar cada fase e cada passo do processo. A novíssima informação é que já foi possível reproduzir a transição da simples química para a vida.
O mito agarra-se, com unhas e dentes, aos limiares que falta transpor e que dizem respeito à origem do universo e ao problema, que permanece insolúvel, da mente humana consciente. E tal desconhecimento pode até justificar a fé dos homens. O que não se pode é confundir a fé com a ciência e a pseudociência enveredou por esse caminho de confusão e depressa chegou aos ”milagres operados pela mente”. Se imaginarmos que o motor é o cérebro de um carro e a mente a respectiva potencia, ainda haveríamos de ver a potência do carro a repara um o furo de um pneu. Pura magia.
A realidade é bem diferente. O cérebro e a mente que nele se produz dependem tanto do corpo inteiro como o corpo da mente, em completa interacção. No seu livro da consciência, Damásio dixit. E quem sou eu para o contradizer e aos seus pares! Nem pretendo, que sei muito bem o que significa cortarem-me o pescoço…