sábado, 11 de dezembro de 2010

Insuficiencias da Ciência? Olha Quem fala!

Aqueles que, em defesa das suas crenças ancestrais, denunciam hoje os malefícios e falhanços da ciência, esquecem com facilidade o que foi, ontem, o horror da actuação do homem sob influencia das suas ideias religiosas. Aceitemos todos, humildemente e em verdade, que errar é próprio do homem e continuemos a procurar o melhor caminho, exactamente aquele que ainda não foi encontrado. Por isso estamos todos um pouco às escuras, sendo dificil evitar que andemos sempre às turras ou aos encontrões.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Velho Problema dos Espiritos

«...o nosso “espírito” está por demais preso à matéria para que lhe seja possível ver como espírito. Eu diria mesmo que “os espíritos” são o próprio da consciência do homem». (Limabar, na caixa de comentários ao post anterior)



E eu diria muito mais: o espírito está dependente da matéria para, não só se manifestar, como pretendem os espíritas, mas também para existir. Nisto reside uma polémica que parece nunca mais acabar. Mas há-de acabar, quando a física das partículas puser a descoberto as impensáveis potencialidades daquilo que sempre foi designado, com um certo desprezo, por «matéria». O mistério vai sendo desvelado perante o olhar incrédulo dos cientistas, quando verificam que as partículas se organizam em átomos, estes em moléculas, crescem para as células e estas se constituem em tecidos e depois órgãos, com a complexidade de um espantoso fenómeno como é o cérebro humano.
Habituados a considerar a «matéria» como uma realidade "grosseira", instável e degradável, comparada com a subtileza do pensamento, da imaginação e do sonho, mandava o bom senso que o brilhantismo desta actividade não estivesse dependente de um corpo todo ele corruptível, mas fosse uma realidade completamente autónoma que, não se sabe bem porquê, vive aprisionada na reles materialidade.
Lá porque o produto final de uma fabulosa capacidade de organização dos constituintes básicos da matéria resultou na nossa maravilhosa mente consciente, isso não é motivo para fantasiar uma origem «misteriosa» do meu espírito, origem essa que eu próprio desconheceria, quando deveria ser o primeiro a testemunhá-la, com a mesma evidencia com que testemunho a minha filiação, filho de José Neiva e de Rosa Oliveira. Estávamos perante o absurdo de eu ser capaz de conhecer a origem imediata da minha materialidade «opaca», o corpo, e não o ser da minha identidade «superior e diáfana», o espirito.
Parece-me, porém, que o problema é outro e ninguém o quer reconhecer com frontalidade, apenas porque não há solução e o homem não aceita ser «encostado à parede». Esse problema é a morte completa do homem, ou seja, do corpo e da mente que dele emergiu.
É isso: o tabu da morte.
Eu anoto, sem ponta de ironia: ainda bem que o homem nunca se conformou com a ideia da morte completa e definitiva. E parece-me que, na lógica da evolução biológica nunca podia ter-se conformado, porque tudo no ser vivo é procura da sobrevivência e mais vida. O absurdo da questão da morte só se evidencia porque nos foi dado olhar o passado e o futuro, do alto da nossa sublime consciência humana. Uma dádiva que mais parece uma maldição e que, efectivamente, nunca foi, porque o homem, corajosa e ardilosamente, seguiu em frente.
Pensar um «espírito» a pairar dentro de um corpo é um ardil maravilhoso.
Quem sabe um dia o génio humano não cria um corpo à feição da tão sonhada «imortalidade da alma».
O cristianismo já o "criou" pela fé. S.Paulo chama-lhe, muito apropriadamente, um «corpo espiritual». Para quem se habituou a pensar a «matéria» como coisa reles, esta elevação paulista da materialidade à espiritualidade é uma verdadeira heresia.
Mas o problema não é meu.