domingo, 18 de dezembro de 2011

O Meu Deus

Depois re receber um video sobre o tsunami no Japão, que eu lhe reencaminhara, um amigo meu comentou assim na volta do correio:

"DEPOIS DE VER, SÓ ME APETECE DIZER QUE SE DEUS EXISTE, PURA E
SIMPLESMENTE ELE ESTÁ MORTO!"

Trago aqui a minha resposta porque ela exprime bastante bem o meu pensamento acerca do tema do post anterior "DEUS". Aqui fica.

Sim, meu caro Zé Simões, o Deus da minha vontade, do meu sentimento ou do meu pensamento está morto. Se não estiver, terá tão somente a consistência e a duração da minha própria vida, porque ele não é mais que a minha imagem, semelhança, pensamento e sentimento projectados em "algo" a que chamo Deus.

Saindo deste plano dos mitos, somos confrontados com a nossa realidade que é a vida e a morte. Nem todo o pensamento do mundo consegue explicar, nem todo o sentimento pode abarcar, seja para admirar até ficarmos extasiados, seja para temer até ficarmos terrificados.

Aqui chegados, esqueçamos a palavra que dá para tudo o que lá quisermos meter -DEUS- e quedemo-nos pela contemplação do mistério do nosso universo. Afoito, inteligente e criativo como nenhum outro ser vivo, o homem faz de tudo para superar a sua ignorância e lutar pelo seu lugar neste universo. Lançou e lança mão de tudo para conseguir um lugar seguro e da felicidade possível. E não tem hesitado em servir-se daquele mesmo "Deus-Sentido-e-Pensado" para levar a água ao seu moinho.
Inteligente e autocritico como só ele é, o homem já percebeu o seu próprio "joguinho" de querer fintar o mistério da existência. Perante acontecimentos como este do tsunami japonês, vai tendo cada vez mais dificuldade em "vender" o Deus que fabricou no seu sentimento, no seu pensamento e na sua vontade de ser amado.

Acredito que, bem maior que a frustração da ignorância acerca do mistério da vida, é a frustração que advém da possibilidade de não sermos amados e, pelo contrário, estarmos abandonados à nossa solidão cósmica. Felizmente, temos o antídoto mesmo ao nosso lado: a amizade, o amor e a a compreensão dos que nos estão próximos. Façamos destes o "Deus" que de forma alguma vislumbramos na tragédia de um tsunami qualquer.

Porque nós podemos suportar bem a falta de conhecimento do nosso mundo, mas não sabemos como aguentar a vida sem o amor e a compreensão dos outros.
Não sei quem nos mimou deste jeito.