sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Shakespeare e Pascal, Dois Olhares

William Shakespeare (Macbeth), citado pelo Lima: “A vida não passa de um fantasma errante, de um pobre comediante que se pavoneia e se agita, durante a sua hora em cena, e que em seguida não mais se ouve; é uma historia dita por um idiota, cheio de raiva e de barulho, e que nada significa...”

Pascal, citado pelo Pe Anselmo Borges, in "Deus e o Sentido da Existência": "O Homem não passa de uma cana, a mais fraca da natureza;mas é uma cana pensante.Para esmagá-lo, não é preciso o universo inteiro armar-se: um vapor, uma gota de água, basta para o matar.Mas, quando o universo o esmagasse, o Homem seria ainda mais nobre do que o que o mata, pois sabe que morre e conhece a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo não sabe nada disso".

A cada um de nós, o nosso olhar único e verdadeiro, tão genuíno como o destes "senhores" da arte e do pensamento. O comum dos mortais não consegue descrever esse olhar genuíno e profundo, que é o seu, com o virtuosismo dos génios como Shakespeare.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Alma Sem Corpo Não Se Aguenta

Desde que abandonei a crença na dualidade do ser humano, corpo-alma, como duas entidades subsistindo separadas, como que redireccionei o meu pensamento acerca do nosso papel na sociedade e no mundo. Ficou claro que cuidar da saúde do corpo é tao fundamental como cuidar do aperfeiçoamento do espírito. E, sobretudo, que o destino de um é indissociável do destino do outro.
No plano ético não mais passará a ideia de que o bem-estar da alma pode sobrepor-se à saúde do corpo ou vice-versa. A moral terá de levar em conta a boa saúde de um e de outro para poder julgar ou avaliar alguém.
E as religiões terão de abandonar a sua postura cómoda e desculpabilizante de que já fazem o seu papel tratando dos espíritos. Porque esses espíritos que pregam, simplesmente não existem. Poderíamos dizer que chegou a hora de as religiões se reencontrarem com o homem de quem se afastaram para oferecer espíritos à Divindade.
Finalmente, neste inicio do século XXI, chegou a hora de puxarmos todos para o mesmo lado: o da transcendência da dignidade humana, que as filosofias e as teologias muito ajudaram a despertar.
As fabulosas descobertas científicas dos últimos três séculos estão a conduzir à pacificação e união de dois contrários aparentes, o corpo e a sua magnifica e ainda misteriosa realização que é a mente consciente.
Para evitar confusões, esclareço que chamo de transcendência esta capacidade humana única de sobrevoar o passado e o futuro, graças tanto ao poder da memória como à facilidade como olhamos e projectamos o futuro. Graças a essa transcendência vivemos o presente conscientes do passado donde viemos e avisados do futuro que começa no momento seguinte.

Nesta perspectiva de unidade total do ser humano, o nosso objectivo será, em primeirissimo lugar, preservar a saúde do todo. Parece que não, mas representa uma verdadeira revolução no pensamento. Tão revolucionária, que se faz tudo para não acompanhar as descobertas e propostas das ciências. E o caso não é para menos. Como aceitar que a bondade, a maldade, a sanidade mental ou a loucura possam estar dependentes de algo tão "vulgar" como o excesso ou a carência de uma substância química?
Que estas verdades não nos assustem, lembrando-nos que somos nós que estamos a fazer estas descobertas. E aqui é convocada, novamente, a transcendencia da dignidade humana. Por ela estamos a discorrer sobre todas estas coisas e a avaliar a sua maravilhosa realidade.
Não precisamos de subir ao céu da transcendencia mística e mítica para nos descobrirmos a existir para além do momento que vivemos.
Não estivemos no passado remoto donde viemos, mas é como se lá tivéssemos estado; não estaremos no futuro dos nossos netos, mas é como se para lá caminhássemos.
Para isso damos um passo de cada vez.