quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sou A Consciencia Das Minhas Memórias

Isto é dizer tão pouco que bem podia acompanhar o Luís quando afirma "eu não existo".
Porém, não o faço, porque este "pouco" é tanto, que chega para não me sentir e perceber anónimo entre anónimos.
A memória e a consciência parecem ser a chave da construção da identidade. E a experiência mostra-nos que perdendo-se a memória perde-se a consciência de si mesmo, porque se perde o "histórico". No limite,quando se perde o próprio nome tem de se recomeçar a partir do zero, acumulando novas memórias e vivendo a consciência delas. Reconstruímos um EU. Se este recomeço se processasse em isolamento completo, nunca saberíamos que tivemos um outro EU no passado.
Às vezes chego a pensar que quando alguém diz "não existo" está sobretudo a manifestar o seu inconformismo, ao constatar que não tem um passado-principio a que se agarrar. Assim como se não tivéssemos "pai e mãe", nascidos por geração espontânea, sem notícia de um "antes". No fundo, também sem identidade, sem nome e apelido, porque para os que temos nos autonomeamos. O nosso fascinio pela história, talvez mais que curiosidade seja a procura da identidade.Sabemos e sentimos que nos afastamos da "origem" e sentimos-nos a perder o pé. Porque a verdade é que cada um de nós, EU e TU, somos agora o EU que não fomos antes, e no futuro não seremos o que hoje somos. A mesma consciência de que num tempo não existimos deixa-nos inseguros perante a perspectiva da inexistência futura.
Melhor que esta incerteza, é o vácuo do Budismos. Não é assim, Luís?

A ilusâo, se há alguma ilusão, é a de que "não sou" , "não existo".
Pretender sugerir que "eu sou" mas "eu não existo" é fazer um jogo de palavras e de conceitos para iludir a questâo fundamental do "ser ou não ser".