sábado, 14 de agosto de 2010

Blaise Pascal e a Consciência

«O homem não passa de um junco, a coisa mais fraca da natureza, mas é um junco pensante. Não é preciso que o universo inteiro pegue em armas para o esmagar. Um vapor, uma gota de água bastariam para o matar. Mas ainda que fosse o universo a esmagá-lo, o homem seria sempre mais nobre do aquilo que o matou, porque sabe que morre e que o universo é muito mais forte do que ele, enquanto o universo desconhece tudo isso».
É como se Blaise Pascal nos estivesse a dizer que não podemos negar a realidade inelutável da fragilidade humana, que tem a sua expressão máxima no acontecimento que é a morte, que pode chegar da forma mais imprevista e banal. Porém, a nossa verdadeira "medida" é o pensamento consciente e este parece transcender todo o universo.
Não deixa de causar vertigem saber que desse mesmo universo brotou a nossa consciência.
A não ser que nos consideremos, definitivamente, extra-terrestres ou extra-cósmicos, seja como deuses ou como centelhas divinas.
E em que nos apoiaríamos para tecer tais considerações, se a nossa consciência nos diz que somos «daqui» e «d'agora», sem vislumbre de vida anterior ou futuro garantido?
Negar a morte, transcendendo-a pela consciência, como sugere Blaise Pascal, não basta. Falta garantir a vida, já que a consciência nem a si mesma se garante. Com efeito, sem memória, o esquecimento envolve-nos no silencio da morte. E é como se a raiz do nosso ser não conseguisse desprender-se do tempo e do espaço o que me deixa a pensar que foi o universo que me gerou. Pelo pensamento consciente falo com ele como se fosse meu pai e minha mãe.
Tão dependente e tão adulto...